Município de Cuamba acusado de adoptar “modo banho-maria” nos pagamentos à BLM por pavimentar  três ruas 

Niassa (O Destaque) -A promessa de melhoria da mobilidade urbana em Cuamba, avaliada em 13 milhões de meticais (conforme a placa de identificação da obra), enfrenta um impasse que ameaça deixar o município com apenas metade do projecto de pavimentação concluído. Nove meses após o início dos trabalhos, a empresa BLM Construções Lda paralisou as actividades na segunda via, alegando a falta de pagamento por parte do Conselho Municipal.

O projecto, financiado pelo Banco Mundial, prevê a pavimentação de três ruas cruciais: a da Assembleia Municipal, que um funcionário afirma estar “já [em] 99%”, e a que liga o Mercado Central ao Cemitério Mulapani, e última actualmente parada.

Um cidadão e funcionário da BLM, que preferiu não se identificar, garantiu a O Destaque que os valores para o pagamento já teriam sido desembolsados pelo financiador no início de Outubro.

O Conselho Municipal que é responsável pelos pagamentos já obteve do financiador os respectivos valores e tais valores foram desembolsados no início do presente mês,” afirmou a fonte.

Segundo o mesmo relato, o pagamento, prometido para 20 de Outubro, foi suspenso após uma decisão do Presidente do Conselho Municipal, Luís Raimundo. A justificação dada ao grupo foi que o pagamento só seria efectuado após a avaliação laboratorial do pavimento, apesar de as obras já terem atingido 75% da conclusão total. “Já recorremos a todas instâncias possíveis e seguimos todos os trâmites legais para o respectivo pagamento, mas de lá para cá, nem água vem e nem água vai,” lamentou o funcionário.

A situação já levou 51 trabalhadores a buscarem apoio na Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral (CMAL) e na Procuradoria distrital de Cuamba. A lista de salários em dívida já provocou o abandono de parte do pessoal “por cansaço e exaustão em termos de reclamação.” A empresa BLM Construções confirmou o diferendo, mas manteve um tom cauteloso, reiterando a espera pelo cumprimento contratual.

O encarregado da obra, Hidelson Luís, admitiu a paralisação:”Há algumas coisas que transcendem a minha posição, as pessoas que fizeram a denúncia deviam ter se informado melhor, as duas estradas já terminaram, falta apenas uma, essa uma só falta a pavimentação, não estamos a avançar porque não estão a pagar, paramos no meio,” disse Luís. Ele acrescentou que, apesar do atraso, a empresa mantém a postura profissional: “Tens um contrato vigente, não deves abandonar as obras, estamos à espera que nos digam formalmente que não querem pagar.”

Já proprietário da BLM, Jorge Maculive, reforçou a informação:”Duas obras terminaram, estamos à espera de pagamento, o município diz que vai efetuar o pagamento, e estamos à espera há mais dois meses, estamos à espera do pagamento do contrato,” afirmou. Sobre os funcionários, Maculive foi directo: “Estamos parados por conta do assunto pagamentos, a pessoa para trabalhar tem que ter motivação. Quanto aos funcionários, pedimos para aguardar.”

Em busca de uma resposta sobre a gestão dos fundos e o motivo da paralisação, O Destaque contactou as autoridades municipais.

O Vereador da Urbanização e Infraestruturas do município declinou comentar o caso, alegando não ter conhecimento dos factos: “Não tenho conhecimento, eu sou novo.”

Uma outra versão foi apresentada por Bartolomeu Albino, que afirmou ter uma empresa subcontratada pela BLM para prestar serviços com mais efectivo. Segundo ele, “no total, as placas somam 29 milhões de meticais. Eles incluíram todas as obras. Ainda não terminaram a rua orçada em 15 milhões; outra ainda carece de alguns acabamentos, embora a pavimentação em si já esteja concluída. A que não foi terminada é a prevista para 30 de setembro. Estou com muitos homens no terreno a maioria é minha equipa. Quem está a produzir sou eu com o meu pessoal”, revelou.

As tentativas de contacto com o Presidente do Município, Luís Raimundo, não tiveram sucesso até ao fecho desta edição.

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