Maputo (O Destaque) –A capital Maputo acolheu a 8ª Conferência Nacional Religiosa, um evento que se afirmou como um “espaço sagrado de diálogo e reflexão” para o futuro da nação. Sob o lema poderoso “Moçambique Primeiro, Cada Moçambicano Mensageiro de Transformação, Reconciliação e Paz,” a conferência reuniu líderes de diversas confissões, do Rovuma ao Maputo, com um apelo do Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, para que assumam o papel de “arquitetos da consciência moral” do país.
Na abertura do encontro, o Chefe de Estado destacou a responsabilidade histórica dos líderes religiosos em um tempo marcado por “paradoxos e promessas.” Apesar de reconhecer a resiliência do povo moçambicano, que escolheu o diálogo em detrimento da confrontação, o Presidente não ignorou os desafios actuais. Mencionou explicitamente o “eco das armas” que ainda tenta silenciar a paz em algumas regiões, os actos bárbaros dos terroristas em Cabo Delgado, e as chagas sociais como a pobreza, a desigualdade, a corrupção e a degradação dos valores éticos e morais.
O cerne do discurso presidencial assentou nos três pilares do lema, apresentados não como conceitos teóricos, mas como “imperactivos práticos para a nossa sobrevivência e prosperidade colectiva.”
Apelando à conversão do ódio em amor e perdão, do cepticismo em esperança e da indiferença em solidariedade. O Presidente instigou os líderes a usarem os seus púlpitos, mesquitas e templos para ecoar mensagens que erradiquem a corrupção e inspirem o trabalho honesto.
Para Chapo, a diversidade étnica e religiosa, deve ser encarada como a maior força e nunca como fonte de divisão. A reconciliação, salientou, “não significa esquecer o passado, mas sim escolher não ser refém dele.” Os líderes foram desafiados a serem mediadores incansáveis, desarmando corações e construindo pontes entre as comunidades.
Vista para além da mera “ausência de conflito,” a Paz deve assentar nos valores do bem-estar, da justiça social e da prosperidade. O Presidente defendeu que a Paz precisa ser elevada ao estatuto de “direito humano,” exigindo o empenho contínuo de todos.
Numa nota de reflexão sobre os conflitos globais, o Chefe de Estado defendeu que Moçambique deve ter um “exército de paz e não um exército de guerra.”
O Governo reiterou o seu compromisso de ser parceiro estratégico das confissões religiosas, reconhecendo o seu trabalho importante na melhoria do bem-estar moral e material da população. “A definição dos destinos desta Nação não está apenas reservada exclusivamente ao Governo,” afirmou o Presidente, sublinhando que o trabalho das confissões é um complemento essencial às acções estatais.
O discurso encerrou com um toque pessoal, onde o Presidente expressou profunda tristeza pela perda de vidas em acidentes rodoviários, muitas vezes causados por excesso de velocidade e uso de álcool e drogas, problemas que afectam sobretudo a juventude. Apelou às famílias, como núcleo da sociedade, para que reforcem a educação moral e ética dos filhos, complementando o trabalho das instituições religiosas e do Estado.
