Maputo(O Destaque)-A polémica gestão do Fundo Soberano continua a gerar controvérsia. Em entrevista ao jornal Destaque, o ex-deputado da Assembleia da República, António Muchanga, não poupou palavras ao criticar a actuação do Governo no que diz respeito à utilização das receitas do gás natural.
“Não é o Tribunal Administrativo que apresenta outra narrativa, é o Governo que apresentou essa versão ao tribunal, através da ministra das Finanças”, diz o ex-deputado, para quem a narra- tiva do Executivo é totalmente falacio- sa.
“Faltou com verdade a ministra; como também faltou com a verdade o secretário de Estado. Quem escreveu aquilo para o tribunal é quem devia ter estado na conferência de imprensa. Querem enganar o povo, mas nós não somos crianças”, afirma Muchanga, em alusão às explicações do Governo, sobre o assunto.
Muchanga levanta suspeitas sobre a ligação entre os valores do fundo e negócios mal explicados. “Acredito que esse dinheiro inclui os 6 milhões dos tractores. Cada tractor custou 1,5 milhões. Quer dizer que roubaram 5 milhões por tractor”, sublinha.
O ex-deputado acrescenta que o Governo já havia dito que o fundo soberano estava a ser usado desde 2022, mas os números não fazem sentido. “Em 2022 disseram que foram pagos 800 mil dólares. Em 2023, falaram de várias infraestruturas, mas depois alegam que o dinheiro estava numa conta transitória. É incoerente”, aponta. Muchanga recorda ainda os escândalos anteriores. “Com Chissano tivemos
o escândalo do PESOE; com Guebuza, as dívidas ocultas; agora com Nyusi, são os tractores. Estão sempre preparados para roubar. Fala-se de 500 milhões”, conclui.
