Procuradoria Provincial de Maputo alerta para aumento do número de tráfico de menores

Maputo (O Destaque) – Otráfico de menores para exploração sexual na vizinha África do Sul está a aumentar de forma alarmante. Um crime hediondo que rouba a infância, os sonhos e o futuro de crianças e adolescentes na província de Maputo, que são atraídos por falsas promessas de uma vida melhor.

A denúncia foi feita pela Procuradoria Provincial de Maputo, que revela que os traficantes, cada vez mais sofisticados, utilizam as redes sociais como um chamariz perigoso para as suas vítimas. Emprego, formação, casamentos e melhores condições de vida fora do país são as iscas usadas para aliciar jovens vulneráveis nas malhas de redes criminosas impiedosas.

A coordenadora do Grupo de Referência contra o Tráfico de Pessoas na Procuradoria Provincial de Maputo, Dólia Ngoenha, pinta um quadro ainda mais perturbador. Segundo ela, as vítimas, na maioria das vezes com menos de 15 anos, são frequentemente recrutadas por pessoas em quem confiam – familiares ou membros da comunidade. Essa traição de confiança torna a prevenção ainda mais complexa e dolorosa.

É devastador ver como a inocência das nossas crianças é explorada”, lamenta Dólia Ngoenha, com a voz carregada de preocupação.

Os traficantes aproveitam-se da ingenuidade e da esperança por um futuro melhor. E o mais triste é que, muitas vezes, quem as entrega são pessoas do seu círculo mais próximo, que deveriam protegê-las.”

A coordenadora fez estas declarações por ocasião do Dia Mundial de Luta contra o Tráfico de Pessoas, uma data que, para Moçambique, ganha um significado ainda mais urgente face a esta realidade.

A gravidade da situação exige uma resposta coordenada e multifacetada, envolvendo não só as autoridades, mas toda a sociedade.

Os criminosos tecem uma teia de mentiras para atrair as suas vítimas. As promessas de empregos bem remunerados na África do Sul, oportunidades de estudo ou mesmo casamentos arranjados com uma vida de conforto são fantasias que rapidamente se transformam em pesadelos de exploração e abuso.

Eu ouvi falar de casos de miúdas que foram para lá a pensar que iam trabalhar num restaurante ou numa loja, mas acabaram presas em casas, obrigadas a fazer coisas horríveis”, conta Joana Sitoe, activista comunitária no distrito da Matola, visivelmente consternada.

É um grito de socorro que a gente ouve de vez em quando, mas parece que as vozes não chegam a quem de direito ou não são ouvidas com a seriedade que merecem.”

A facilidade de comunicação através das redes sociais tem sido um factor valioso para os traficantes.

Plataformas como Facebook, WhatsApp e Instagram são usadas para aliciar, manipular e, finalmente, recrutar as vítimas, muitas vezes sem que os seus pais ou encarregados de educação tenham conhecimento do perigo. Perfis falsos, promessas exageradas e uma falsa sensação de segurança online criam o ambiente perfeito para que o crime aconteça.

A proximidade geográfica com a África do Sul, um país com uma economia mais robusta e uma percepção de melhores oportunidades, torna-o um destino preferencial para os traficantes.

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