Massacre, censura e silêncio: reeleição de Paul Biya manchada por sangue e proibição das redes sociais nos Camarões

Maputo (O Destaque) -O governo dos Camarões restringiu o acesso a redes sociais e plataformas de mensagens como TikTok, YouTube, Facebook e Telegram, poucas horas após a divulgação de dados da ONU que apontam para a morte de 48 civis durante manifestações contra a reeleição do presidente Paul Biya.

Segundo o relatório das Nações Unidas, a maioria das vítimas foi atingida por balas reais disparadas por forças de segurança. Outras morreram devido a ferimentos graves, resultado de espancamentos com bastões e paus. Os protestos, intensificados na semana passada, seguiram-se ao anúncio oficial da vitória de Biya, de 92 anos, que se prepara para iniciar o seu oitavo mandato presidencial.

A região Litoral, onde se localiza a cidade portuária de Douala, foi a mais afectada, concentrando quase metade dos óbitos registados. Apesar da gravidade dos eventos, o governo ainda não apresentou explicações sobre o uso da força letal contramanifestantes.

O principal candidato da oposição, Issa Tchiroma Bakary, contesta os resultados, afirma ter vencido as eleições e apelou à população para rejeitar os números divulgados pelas autoridades.

A imposição de restrições às redes sociais levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e o acesso à informação num momento crítico para a democracia camaronesa. Analistas políticos sublinham que a medida poderá acentuar ainda mais a tensão num país já marcado por episódios de repressão em períodos eleitorais.

Paul Biya está no poder desde 1982, sendo actualmente o chefe de Estado mais velho do mundo em exercício. Sua reeleição prolonga um dos regimes mais duradouros da África, num cenário político cada vez mais contestado, tanto interna quanto externamente.

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