Maputo (O Destaque) -Dois meses após ter sido palco de protestos motivados pelo aumento dos preços dos transportes públicos, Angola voltou a reunir-se desta vez em clima de festa e memória para celebrar o cinquentenário da sua independência. A cerimônia oficial teve lugar na icónica Praça da República, em Luanda, diante de cerca de dez mil convidados, entre os quais antigos estadistas africanos, representantes internacionais e cidadãos de todas as províncias.
O Presidente João Lourenço, num discurso conciliador e carregado de simbolismo, apelou à união nacional como condição essencial para o futuro. “Não deixemos que as querelas partidárias consumam grande parte do nosso tempo. Angola precisa de todos os seus filhos para continuar a construir o amanhã”, declarou.
Um dos momentos mais emotivos da cerimônia foi a homenagem prestada a António Agostinho Neto, líder da luta de libertação e primeiro Presidente da República, cuja memória continua viva na história angolana. O antigo Chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano recordou a relação especial entre Neto e Moçambique, país que o acolheu na véspera da independência angolana.
Entre a memória da guerra e a esperança no futuro
A narrativa do dia não ignorou as feridas do passado. O Presidente Lourenço recordou os 27 anos de guerra civil que atrasaram o progresso do país e destacou a batalha de Cuito Cuanavale como símbolo da resistência e afirmação nacional, num confronto que marcou também o fim do regime do Apartheid na região austral.
Olhando adiante, o Chefe de Estado reafirmou o compromisso do governo em tornar Angola um território livre de minas até 2027, e encorajou os jovens a abraçarem o empreendedorismo como caminho para a transformação económica.
Celebração com identidade
As festividades foram marcadas por uma vibrante exibição cultural, com danças tradicionais, música ao vivo e um desfile militar que contou com a participação de contingentes das Forças Armadas e da Polícia Nacional. Grupos organizados vindos das 18 províncias deram cor e alma à cerimônia, reforçando a ideia de uma Angola diversa, mas unida.
Aos 50 anos da sua independência, Angola reencontra-se com a sua história, entre memórias de luta e promessas de reconstrução, procurando agora caminhos de paz duradoura, inclusão e desenvolvimento.
