Maputo (O Destaque) – O ano de 2025 herda um cenário financeiro que demanda atenção no país. Um relatório recente sobre a dívida pública revela que o governo enfrentou dificuldades no cumprimento de obrigações no ano anterior, totalizando 3,4 mil milhões de Meticais. Este montante, cujo pagamento não se concretizou em 2024, coloca uma pressão adicional sobre as finanças do presente ano.
A instabilidade pós-eleitoral do período anterior é apontada como um dos factores que impactaram a capacidade de arrecadação de receitas, contribuindo para o referido atraso. Entre os principais credores com pagamentos pendentes, destaca-se Portugal, com um valor a receber de pouco mais de 1.8 mil milhões de Meticais. A lista inclui ainda o Fundo Monetário Internacional (cerca de 718,7 milhões de Meticais), a Rússia (aproximadamente 259.9 milhões de Meticais), o Banco Islâmico de Desenvolvimento (cerca de 206,2 milhões) e a Índia (com cerca de 102.7 milhões de Meticais).
Diante deste quadro, o actual executivo reconhece o impacto no planeamento financeiro para o ano corrente. O relatório governamental salienta que “a transição desses montantes para 2025 implica uma pressão adicional sobre a tesouraria do Estado”, reforçando a urgência na implementação de “medidas eficazes para mitigar os riscos associados ao serviço da dívida”.
A complexidade da situação se amplia com a existência de compromissos pendentes com credores que não participam dos acordos de alívio da dívida nos termos do Clube de Paris, totalizando 394,3 milhões de dólares. Líbia, Angola, Bulgária e Polónia figuram entre estes credores, elevando o montante total da dívida em atraso.
O governo informa que está em diálogo com estes credores, buscando construir soluções coordenadas para a regularização destas obrigações financeiras. A prioridade reside em encontrar caminhos que permitam honrar os compromissos, ao mesmo tempo em que se preserva a saúde das finanças públicas e se garante a continuidade dos projectos e serviços essenciais para a população. A gestão deste legado financeiro de 2024 será um dos focos centrais da actuação governamental no ano corrente.
