A Comissão de Justiça e Paz (JPC), organismo ligado à Conferência dos Bispos Católicos Sul-Africanos (SACBC), lançou um apelo vigoroso à presidência sul-africana do G20, pedindo uma acção decisiva para interromper o que classifica como o ciclo de “injustiça da dívida” que afecta o continente africano.
Durante uma conferência realizada a 3 de novembro, o diretor da JPC, Padre Stanslaus Muyebe, descreveu a atual situação da dívida externa africana que ultrapassa os 1,1 trilhões de dólares como um “fracasso moral” que compromete o futuro social e económico do continente. “Quando as nações africanas estão presas a dívidas impagáveis, isso não é apenas uma crise financeira, é uma violação da dignidade humana”, afirmou.
A declaração foi feita no contexto da entrega de uma petição conjunta à presidência do G20, que este ano está sob a liderança da África do Sul. O documento apela ao cancelamento da dívida e à reconfiguração das políticas económicas globais, para permitir que os países africanos recuperem soberania sobre os seus recursos minerais, políticas industriais e caminhos de desenvolvimento.
Padre Muyebe expressou esperança de que a liderança sul-africana no G20 seja lembrada como um ponto de viragem: “Pode ser a presidência que abriu um novo capítulo para as crianças da África e do Sul Global.”
A presidência do G20 adota este ano o lema “Solidariedade, Igualdade, Sustentabilidade” e culminará com a 20ª Cimeira do grupo, a ter lugar em Joanesburgo nos dias 22 e 23 de novembro.
A petição entregue reforça a pressão de sectores da sociedade civil e da Igreja para que as potências globais enfrentem a realidade de um modelo económico que, segundo os críticos, perpetua a desigualdade estrutural entre o Norte e o Sul global.
