Maputo (O Destaque) -Nos primeiros seis meses deste ano, quase 600 pessoas perderam a vida em todo o país em sinistros marcados por “derramamento de sangue em muitas rodovias”. Com a província de Maputo a registar o maior número de ocorrências, o Governo reconhece a urgência e, perante uma “sinistralidade cíclica”, aprova medidas imediatas para tentar travar a sangria nas estradas do país.
O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, anunciou que as medidas incluem a interdição de circulação noturna para transportes interprovinciais e internacionais de passageiros, entre as 21h00 e as 5h00. “Vamos intensificar esta acção de interdição; intensificação da fiscalização da lotação de veículos de transporte público de passageiros interdistrital, interprovincial e internacional, com o desembarque obrigatório de passageiros em excesso de lotação”, sublinhou Impissa.
Entre as novas regras estão também pontos de descanso obrigatório para os condutores a cada 300 quilómetros, ou quatro horas de condução, com uma pausa mínima de 30 minutos, e a obrigatoriedade de uso de tacógrafo em veículos de transporte público de passageiros e de carga. O Governo vai ainda criar uma linha de denúncias de irregularidades e impor o uso de limitadores de velocidade, além de rever os procedimentos de inspeção de veículos.
Impissa reconhece, no entanto, que algumas das medidas “já estão em vigor, mas não se fazem sentir”, apelando a uma acção colectiva e ao reconhecimento de que “a melhoria das estradas é uma das acções mais permanentes para o contexto de redução de acidentes”. Disse o governante
A tragédia nas estradas, porém, não se restringe a problemas de infraestrutura ou fiscalização, ecoando também em outras esferas da sociedade. A médica tradicional Jerlina Fernando aponta três problemas principais: a falta de comunicação com o governo, as más condições das estradas e o excesso de velocidade. “O problema de acidentes é que a estradas não estão em boas condições, o governo não resolve este problema”, afirma a médica
Jerlina também apela à comunicação entre o governo e a Ametramo, a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique, para que “se siga a tradição” e se “acalme o sangue derramado” para que os acidentes não se repitam.
A irresponsabilidade de alguns condutores que “conduzem grossos, e em alta velocidade”, sob efeito de álcool, também agrava a situação. Disse a médica
O profeta Fernando Zaval, por sua vez, traz uma perspectiva espiritual, alertando que “não se deve tapar o problema com a peneira”. Zaval acredita que “somos todos chamados à responsabilidade” e que a sinistralidade não é “comum”, mas que “há algo que consome sangue”. Para ele, a solução passa pela fé, pois “o país precisa de Deus”. O profeta aponta para a necessidade de uma “libertação urgente”, defendendo que “precisamos ser dependentes de Deus, depende da manifestação dele em tudo que fizermos, principalmente ao nos fazermos ao volante”. Confessou
Zaval identifica “palcos estratégicos” para os acidentes, como Manhiça, Maluana e Palmeiras. Em última análise, conclui que “não podemos ignorar” que “o país precisa de uma intervenção espiritual”. Finalizou
Até então, a província de Maputo, tem sido o grande epicentro da sinistralidade
