Maputo (O Destaque) – Um grito de revolta ecoa entre os corredores de quase todos os hospitais do país. Estudantes de enfermagem denunciam estar a viver um verdadeiro pesadelo durante os estágios, onde, em vez de aprender, enfrentam humilhações, exploração e até acusações injustas.
Entre noites sem dormir, fome e corpos largados em caixas para descansar, os futuros profissionais de saúde relatam que são maltratados por quem deveria ensiná-los e desrespeitados até por pacientes. “Aprendemos que ser enfermeiro é resistir quando o mundo tenta nos quebrar”, desabafa uma estudante.
Mas as denúncias não param por aí, em conversa telefónica com um grupo de estudantes estagiárias em Quelimane, afirmam que alguns profissionais de saúde cobram valores ou refrescos para oferecer orientações e, em momentos de avaliação, só avaliam quem paga.
E já para os estudantes de medicina do Sul do país dizem que são tratados como “animais”, obrigados a comprar refeições para os profissionais e ainda a tratar pacientes em estado crítico, porque os próprios não querem assumir a responsabilidade.
As queixas levantam uma questão séria sobre o futuro da formação em enfermagem no país.” Porque não trancam as formações, se não há emprego e continuamos a ser formados para o desemprego?”, questiona um grupo de estagiários, revoltado com o sistema.
O que deveria ser um momento de aprendizado e crescimento profissional transformou-se num caminho de sofrimento, onde cada lágrima engolida se converte em força, mas também em indignação.
As vozes dos estagiários expõem uma ferida aberta no sistema de saúde e um ambiente onde corrupção, desrespeito e exploração ameaçam a qualidade da formação e a dignidade humana.
