Maputo (O Destaque) -O cenário digital do país acende um sinal de alerta. Dados recentes do Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) revelam um volume expressivo de actividades ilícitas no sector de telecomunicações, com mais de meio milhão de casos de fraude e incidentes reportados apenas em 2024.
O porta-voz do INCM, Adilson Gomes, durante um seminário dedicado à segurança e resiliência das comunicações realizado em Maputo, ilustrou a realidade quotidiana dos utilizadores com a familiar mensagem de ganhos inesperados, frequentemente utilizada como isca em tentativas de fraude. Gomes sublinhou a natureza transversal destas acções, onde uma tentativa de golpe originada numa rede pode impactar directamente os utilizadores de outra operadora. A preocupação reside no facto de que, do total de mais de 500 mil tentativas de fraude registadas no último ano, uma significativa parcela de 66,3% obteve sucesso, expondo a vulnerabilidade dos consumidores e a urgência de uma colaboração reforçada entre os diversos intervenientes do sector.
Outro ponto crítico levantado pelo INCM é a disseminação de dispositivos móveis não homologados. O instituto estima que, dos aproximadamente 21 milhões de dispositivos ativos nas redes de telecomunicações do país, mais de 10 milhões são considerados “piratas” ou fraudulentos, por não terem passado pelos devidos processos de certificação. Esta situação representa um risco acrescido para a segurança das comunicações e a qualidade dos serviços.
Adicionalmente, a resiliência das infraestruturas de telecomunicações moçambicanas demonstrou fragilidade face a eventos climáticos extremos. A passagem de ciclones em 2024 causou interrupções significativas nos serviços, com um impacto económico estimado em 10,8 milhões de dólares, evidenciando a necessidade de investimentos em infraestruturas mais robustas e resilientes para garantir a continuidade das comunicações em situações de emergência. Os dados do INCM pintam um quadro complexo que exige atenção e medidas coordenadas para proteger os utilizadores e fortalecer a segurança do ecossistema digital em Moçambique.
