Moçambique aprimora recurso à inteligência artificial no processo de aviso prévio de desastres

Jornal O Destaque – O Presidente da República, Daniel Chapo, destacou, esta segunda-feira, em Genebra, a estratégia nacional de modernização tecnológica para combater os efeitos devastadores das alterações climáticas.

Convidado especial no Fórum de Alto Nível sobre Mudanças Climáticas, o Chefe de Estado sublinhou que a Inteligência Artificial (IA) e a digitalização são elementos cruciais para alcançar a meta universal de “Aviso Prévio para Todos”, reiterando que o investimento em sistemas de alerta é uma “obrigação moral e política”.

No seu discurso, o Presidente afirmou que as eficácias dos sistemas de aviso prévio dependem da inovação e do investimento sustentável, e que a ciência e a tecnologia já mostraram o caminho. Por isso, Moçambique está a intensificar os seus esforços para incorporar a digitalização e a Inteligência Artificial na modernização dos sistemas e processos. Este processo visa a criação de mecanismos automáticos de recolha e partilha de dados climáticos, através da interligação de plataformas nacionais e regionais, construindo um sistema cada vez mais integrado, previsível e acessível.

O Presidente Chapo sublinhou, por outro lado, que a modernização está a ser impulsionada pelo apoio da iniciativa SOF (Systemic Observation Financing Facility), uma conquista que permite a Moçambique instalar radares meteorológicos. “Estes radares, ao integrarem a rede básica de observação global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), reforçam a capacidade do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de prever e monitorar fenómenos extremos em tempo real, não só em Moçambique, mas em toda a região”, afirmou.

O Chefe de Estado defendeu ainda que a crise climática é o maior teste à consciência colectiva global e recordou que Moçambique lançou o seu Roteiro Nacional de Implementação da Iniciativa Aviso Prévio para Todos em 2024, definindo responsabilidades e parcerias nos pilares de observação, previsão, comunicação e resposta. “O país orgulha-se, igualmente, de ter liderado a Declaração de Maputo, que reafirma o compromisso regional em colmatar o fosso entre o alerta e a acção antecipada, priorizando o reforço das capacidades do INAM e do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD)”, salientou.

Reconhecendo que o financiamento climático em Moçambique é limitado, o estadista apelou à comunidade internacional, aos fundos climáticos e a instituições financeiras, que reforcem o apoio técnico e financeiro aos países mais vulneráveis. Chapo reforçou o argumento de que o investimento preventivo é uma medida de prudência económica e humanitária. “Cada dólar investido em aviso prévio representa uma poupança de 7 dólares em reconstrução e, mais importante, representa vidas protegidas e comunidades empoderadas”.

Por fim, o Presidente destacou que a cobertura universal de alertas só será real se for inclusiva, motivo pelo qual Moçambique tem investido na educação climática nas escolas, universidades e na participação dos jovens como agentes de sensibilização, garantindo que os alertas sejam simples, acessíveis e úteis para todos.

O PR apelou para que o encontro em Genebra marque um ponto de viragem, traduzindo-se num compromisso global de não permitir que a falta de aviso continue a ser causa de tragédias evitáveis.

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