RDC NO EPICENTRO DE MEGA-ESCÂNDALO : FUNDOS PÚBLICOS EVAPORAM EM CONTRATOS MILITARES “ESTRANHOS”

Um rombo financeiro abala as estruturas da República Democrática do Congo (RDC), com a divulgação de um relatório confidencial que expõe um esquema de corrupção de proporções alarmantes. A investigação revela o sumiço de 722 milhões de dólares dos cofres públicos entre 2022 e 2025, em contratos militares nebulosos e com a participação de figuras de expressão política nacional e empresas com ligações internacionais.

O esquema de irregularidades, exposta no documento, passa por empresas fantasmas e remessas de dinheiro para contas em jurisdições como Catar, Emirados Árabes Unidos, Turquia e Líbano. O destino final de parte significativa desses recursos eram contratos de defesa, como o firmado com a turca FIX Defense Industry. Contudo, a materialização desses acordos é questionável: cerca de 60% dos equipamentos militares faturados jamais deram entrada oficial no país, desaparecendo sem deixar rastro nos registos alfandegários.

O trabalho de investigação também aponta para transferências que somam mais de 218 milhões de dólares para um trio de empresas offshore: Kalua Holding Group Ltd. (EAU), Al Watan Trading & Logistics (Catar) e Belmaco Investment Group (BVI / Líbano). Os polpudos pagamentos, que em muitas ocasiões ultrapassaram a marca de 2 milhões de dólares por transação, eram justificados como “apoio estratégico”, mas a ausência de documentação comprobatória lança uma sombra de suspeita sobre a real natureza desses serviços.

O relatório não poupa nomes de alto escalão, colocando no centro do escândalo figuras influentes como Mandungu Bula, um dos conselheiros mais próximos do Presidente; Thierry Tshisekedi, irmão do próprio Chefe de Estado Félix Tshisekedi; e Jean-Pierre Bemba, que já ocupou o cargo de vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa. Documentos internos sugerem uma articulação secreta orquestrada por esses indivíduos para a concretização dos contratos fraudulentos e o desvio de equipamentos bélicos por rotas clandestinas, burlando a fiscalização das autoridades competentes.

A estreita relação entre esses políticos e as empresas sob suspeita, revelada por comunicações internas, acende um alerta sobre uma possível rede de favores e negócios escusos com empresas estrangeiras. A prioridade de interesses particulares em detrimento do erário público é a principal preocupação que emerge deste explosivo relatório que chocou a muitos.

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