Maputo (O Destaque) – A escalada da violência terrorista no norte do país, atingiu novos patamares de gravidade, ameaçando a maior área protegida, a Reserva Especial do Niassa, e paralisando a educação em Cabo Delgado.
Recentes ataques forçaram a fuga de milhares de pessoas e o encerramento de dezenas de escolas, expondo a fragilidade da segurança em regiões críticas.
Dados alarmantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), divulgados esta semana, revelam que os recentes ataques islâmicos contra duas aldeias dentro dos limites da Reserva Especial do Niassa levaram quase 2.100 pessoas a abandonarem suas casas. O relatório de campo do ACNUR, que detalha eventos até o início de Maio, confirma que o terror e o medo de mais violência deslocaram pelo menos 2.085 indivíduos das aldeias de Macalange e Mbamba.
A brutalidade dos ataques já resultou em duas mortes e duas pessoas desaparecidas.
A aldeia de Mbamba, atacada em 29 de abril, está localizada na zona de caça de Mariri, que se estende por partes de Niassa e Cabo Delgado.
Este é o segundo ataque dentro da Reserva do Niassa, após o primeiro registado em 24 de abril.
A incursão dos terroristas em uma área de tamanha importância ecológica não só coloca em risco vidas humanas, mas também levanta sérias preocupações sobre a conservação da biodiversidade e a segurança de futuras operações de turismo e pesquisa na reserva.
Enquanto isso, em Cabo Delgado, o recrudescimento da movimentação terrorista nos últimos meses, especialmente no distrito de Mocímboa da Praia, continua a ter um impacto devastador na vida civil. O administrador distrital, Sérgio Cipriano, confirmou que a ação dos terroristas forçou o encerramento de 21 escolas, privando milhares de crianças e jovens do acesso à educação. Além disso, a violência incessante continua a provocar o deslocamento em massa da população de diversas aldeias, agravando a crise humanitária na província.
Cipriano, que fez essas declarações durante a nona sessão ordinária do Conselho Executivo Provincial de Cabo Delgado, em Pemba, sublinhou a gravidade da situação. A interrupção da educação tem consequências a longo prazo para o desenvolvimento social e económico da região, criando uma geração vulnerável e com poucas perspetivas.
