Maputo – (O Destaque) O chão da política moçambicana tremeu esta quinta-feira com a notícia da morte de John William Kachamila, figura incontornável da FRELIMO, combatente de primeira linha da luta armada de libertação e ex-ministro de peso nos primeiros governos do país. Morreu após prolongada doença, deixando um legado que atravessa gerações e fronteiras.
“Era mais que um político. Era memória viva da pátria”, comentou um veterano da FRELIMO, visivelmente emocionado.
Natural do remoto posto administrativo de Cobué, província do Niassa, Kachamila entrou para as fileiras da FRELIMO em 1963, quando a luta contra o colonialismo ainda dava os primeiros passos. Formado em Geologia e Minas na Jugoslávia e mestre pelo Imperial College de Londres, regressou ao país determinado a ajudar a construir o novo Moçambique.
Foi ministro em várias pastas, com destaque para Recursos Minerais e Energia e a Coordenação da Acção Ambiental. Era também dirigente da Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos e da Associação Nachingwea, sem nunca se desligar da base: os combatentes.
Em 2022, partilhou o seu olhar íntimo da história nacional com o livro “From the Rift Valley to the Dream of Freedom”, um retrato pessoal da luta, do país e da família.
A morte de Kachamila deixa um buraco na estrutura moral da política moçambicana. A FRELIMO perde uma das suas vozes mais respeitadas,e o país despede-se de um engenheiro da independência.
As cerimónias oficiais ainda não foram confirmadas, mas tudo aponta para um funeral com honras de Estado.
Moçambique perdeu um dos seus pilares.
