Maputo (O Destaque) -Uma profunda análise retrospetiva e uma reconfiguração estrutural aguardam a companhia aérea Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). O Governo anunciou que irá conduzir uma auditoria forense abrangente, debruçando-se sobre os últimos dez anos das contas da empresa. A iniciativa, revelada por fonte do executivo, surge num contexto de persistentes desafios financeiros e relatos de irregularidades que têm impactado a operação da transportadora nacional.
A auditoria, com previsão de conclusão em seis meses, antecede um plano de reestruturação que visa optimizar a dimensão da força de trabalho da LAM, adequando-a à sua atual frota de quatro aeronaves. A medida surge após a divulgação de sucessivos prejuízos bilionários nos últimos anos, culminando num quadro financeiro delicado para a empresa.
Num movimento estratégico para revitalizar a companhia, o Governo abriu caminho para a alienação da maioria das ações da LAM, detidas pelas estatais EMOSE, CFM e HCB. A operação, avaliada em 8,3 mil milhões de Meticais, visa capitalizar a empresa, com a expectativa de aquisição de oito novas aeronaves e a implementação de um plano de negócios renovado. Um consultor especializado foi contratado para acompanhar tanto a transação acionária quanto a elaboração e execução do plano de revitalização.
A reestruturação da LAM era uma das prioridades do plano de 100 dias do Governo, que inicialmente previa a aquisição de três aeronaves. No entanto, a concretização deste objectivo enfrentou obstáculos inesperados, com relatos de práticas questionáveis dentro da empresa a virem à tona.
Em paralelo aos esforços de reestruturação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já instaurou processos de investigação relacionados a escândalos anteriores envolvendo a LAM. Em notícias mais recentes, a companhia anunciou a chegada de uma aeronave Boeing, um desenvolvimento que deverá aliviar a pressão operacional e melhorar a capacidade de resposta à demanda de passageiros, estimada em cerca de 915 por dia. A expectativa é que a nova aeronave contribua para mitigar os transtornos causados pela frota reduzida e impulsionar a recuperação da companhia aérea nacional.
