Maputo(O Destaque)-A presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Celma Meque, e a Coordenadora Residente das Nações Unidas em Moçambique, Catherine Sozi, reuniram-se esta quarta-feira na sede do INGD para alinhar estratégias de resposta à próxima época chuvosa e ciclónica (2025/2026). O objectivo central do encontro foi reforçar a coordenação humanitária, evitando sobreposição de esforços e garantindo uma intervenção organizada perante as ameaças naturais que periodicamente afectam o país.
Luísa Meque sublinhou, durante a audiência, que o INGD é a entidade oficial coordenadora da assistência humanitária em Moçambique. “Todos os parceiros devem alinhar-se a esse princípio para garantir uma intervenção mais organizada e eficiente, assegurando uma resposta abrangente e equitativa”, afirmou. A presidente referiu ainda que está em curso a elaboração do Plano de Contingência para a época que se avizinha, documento que servirá de roteiro para as acções de prevenção e resposta.
Este alinhamento estratégico surge no seguimento do trabalho que o INGD tem vindo a desenvolver, como os exercícios de simulação realizados em Julho de 2025 em 64 distritos do país, destinados a testar a prontidão e a capacidade de resposta local a cheias, ciclones e outros desastres.
Em resposta, Catherine Sozi, representante das Nações Unidas, reconheceu os desafios e reiterou o compromisso da organização com a colaboração interinstitucional. “A coordenação salva vidas”, destacou, defendendo a criação de equipas técnicas conjuntas entre o Governo e as Nações Unidas para uma resposta mais integrada. “A eficácia da ajuda depende da clareza, da responsabilidade partilhada e da priorização das necessidades reais da população”, acrescentou.
Este princípio de coordenação é um pilar da acção humanitária efectiva, que visa garantir que a assistência é prestada de forma imparcial, neutra e independente, priorizando quem mais precisa.
A época chuvosa e ciclónica em Moçambique, que tem início em Outubro de cada ano, representa um desafio recorrente. O país é ciclicamente afectado por cheias, inundações, secas, ciclones tropicais e epidemias, eventos que causam danos humanos, materiais e financeiros significativos.
Para fazer face a estes desafios, o INGD tem promovido uma mudança de paradigma, transitando de uma abordagem reactiva para uma postura proactiva, privilegiando a prevenção e o investimento em infraestruturas de protecção e sistemas de aviso prévio.
Na época chuvosa 2024/2025, mecanismos como o Financiamento Baseado em Previsão e o Seguro Paramétrico contribuíram com cerca de 70% dos recursos de assistência humanitária mobilizados pelo Governo e parceiros.
Moçambique conta actualmente com 1.905 comités locais de gestão de risco, fundamentais para a mobilização das comunidades e para a execução de medidas de prevenção e resposta a nível local.
As partes concordaram na importância de manter um diálogo contínuo e promover maior transparência na partilha de informações. O trabalho em conjunto será essencial para assegurar uma resposta humanitária não só eficiente, mas também sensível às necessidades das comunidades mais vulneráveis.
Esta cooperação reforçada entre o INGD e as Nações Unidas é um passo crucial na construção de um futuro mais resiliente para Moçambique, preparando o país para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelos eventos climáticos extremos.
