INGD UM “DESASTRE” NA GESTÃO DE DESASTRES NATURAIS?

Maputo (O Destaque) – O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) tem sido alvo de críticas pelos sucessivos fracassos na resposta aos fenómenos naturais, mesmo diante de vários apoios de parceiros nacionais e internacionais. Mas afinal de contas quais são as razões para os desaires do INGD?

Para o ambientalista e político João Massango, a localização do país, torna-nos mais vulneráveis a catástrofes naturais, mas, para além da componente geográfica, há aspectos relacionados ao desleixo das autoridades na resposta as intemperes: “O Governo nunca encarrou esses problemas de forma prioritária”, afirmou o ambientalista acrescentando que “as autoridades já deviam ter tratado esse assunto não como um simples fenómeno”.

Para João Massango questões antigas relacionadas a corrupção e pilhagem de recursos constituem outro impasse.

O governo pouco investe na mitigação de eventos extremos e o INGD se tornou numa fonte de pilhagem de recursos financeiros e corrupção activa. Então, parece que o sofrimento de um povo vítima de desastres naturais é oportunidade para enriquecimento ilícito”, fez menção Massango.

Nos últimos 20 anos o país tem sido bastante assolado pelos fenómenos naturais, que desalojaram, mataram e colocaram milhares de moçambicanos em situação de vulnerabilidade.

Moçambique demonstrou incapacidade em lidar com esses problemas ao não apostar na evolução tecnológica no sector da meteorologia que permitiria emitir alertas atenciosamente sobre que vai ocorrer nos próximos 6 meses”, ressaltou a fonte, tendo avançando ainda que: “INGD é uma bola de neve. Não existe uma estratégia de mitigação e prevenção contra desastres naturais…por uma razão simples, vejamos: o fenómeno de movimentos ciclónicos que fustigam Moçambique, se mapearmos zonas com forte influência são as mesmas, com mesmas pessoas e, em contrapartida, se fala de construções resilientes para fazer face a fenómenos e estes investimentos de construção em nada resultam para além da desgraça & oportunismo”,  concluiu João Massango.

Massango entende que o INGD deve ser composto por técnicos com sentimentos humanos, conhecimento na área e não gente movido por interesses políticos.

O ciclone Jude que fustigou o país durante o mês de Março causou a morte de pelo menos 16, 59 feridos e dois desaparecidos.

Mais de 302 mil pessoas foram afectadas, incluindo 65.164 famílias que viram as suas casas destruídas ou danificadas.

As infraestruturas sociais também sofreram danos significativos, com 37.229 casas parcialmente destruídas, 32.934 totalmente destruídas e 988 inundadas. Além disso, 72 unidades sanitárias, 134 casas de culto e 247 escolas foram afectadas, das quais 674 salas de aula ficaram inutilizáveis. Cerca de 91.629 alunos e 1.182 professores foram directamente afectados pela interrupção das actividades escolares.

O ciclone também causou estragos nas infraestruturas de transporte e comunicação, com 18 pontes danificadas, 2.859 km de estradas afectadas e 671,70 km de vias intransitáveis. No sector energético, 1.224 postes de energia tombaram e 73 km de linhas eléctricas foram destruídos, agravando o cenário de caos.

O sector agrícola foi um dos mais atingidos, com 101.239 hectares de área agrícola afectada, dos quais 36.358 hectares foram totalmente perdidos. Cerca de 4.146 agricultores viram as suas colheitas destruídas, enquanto 68 embarcações de pesca e artes de pesca foram danificadas, comprometendo a subsistência de muitas comunidades costeiras.

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