Maputo (O Destaque) –A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) anunciou, esta semana, a abertura de um concurso internacional para o aluguer de cinco aeronaves sob regime wet lease ou seja, aviões totalmente operacionais, com tripulação, manutenção e seguros incluídos. A medida, segundo a empresa, visa colmatar desafios operacionais imediatos e responder ao aumento da procura em rotas domésticas e regionais.
O modelo preferencial é o Boeing 737-700, com capacidade entre 120 a 140 passageiros, e o concurso estará aberto até 22 de Agosto de 2025. A decisão surge num contexto de reestruturação, com o processo a ser liderado pela consultora Knighthood Global e supervisionado pela nova comissão de gestão, presidida por Dane Kondic, sob tutela dos acionistas estatais HCB, CFM e EMOSE.
O economista Bento Cossa alerta: “O aluguer em wet lease tende a ser caro a médio prazo. É útil para estabilizar operações ou testar novos mercados, mas se não for bem negociado e integrado num plano claro de sustentabilidade, pode agravar os encargos financeiros da companhia.”
Por seu turno, a LAM argumenta que esta é uma resposta tática à crescente pressão da demanda impulsionada por megaprojectos energéticos e pelo turismo em ascensão. Além disso, faz parte de um plano mais amplo que prevê também a aquisição de oito novas aeronaves nos próximos anos.
Recentemente, o Presidente da República, Daniel Chapo, criticou a má gestão e os conflitos de interesse que têm prejudicado a empresa pública, apelando a uma nova cultura de rigor e transparência.
A decisão de avançar com o aluguer poderá indicar uma tentativa de evitar a paralisação de rotas importantes e recuperar credibilidade no mercado, mas analistas alertam: o sucesso dependerá não apenas da capacidade operacional, mas sobretudo de uma gestão eficiente e estratégica das finanças da companhia.
A LAM enfrenta agora um momento decisivo: ou consolida-se como operadora regional competitiva ou arrisca-se a repetir os erros do passado.
