Maputo (O Destaque)-Uma leve brisa de progresso sopra sobre o panorama do desenvolvimento humano no país. O mais recente Relatório de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado ontem, terça-feira, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), revela que o país ascendeu uma posição no ranking global, passando do 183.º para o 182.º lugar.
Embora esta subida possa parecer modesta, representando um avanço de apenas uma posição entre 193 nações avaliadas, ela sinaliza um movimento na direção certa. Os dados do relatório, referentes ao ano de 2023, indicam melhorias nos indicadores que compõem o IDH, que englobam a saúde, a educação e o nível de rendimentos da população moçambicana.
No contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Moçambique permanece na categoria de desenvolvimento humano “baixo”, juntamente com a Guiné-Bissau (que também registou uma subida notável de cinco posições, alcançando o 174.º lugar). Portugal, por outro lado, mantém-se no patamar mais elevado, ostentando a 40.ª posição global e sendo o único país lusófono na categoria de desenvolvimento “muito elevado”.
Interessantemente, a maioria dos países da CPLP demonstrou no ranking do IDH, com seis dos nove membros a registarem subidas. O Brasil, por exemplo, ascendeu cinco lugares, fixando-se na 84.ª posição. Cabo Verde foi a única exceção, registando uma ligeira descida para o 135.º lugar.
Apesar da ligeira melhoria, o relatório do PNUD aponta para uma estagnação global no progresso do desenvolvimento humano, exacerbada pelo aumento das desigualdades entre as nações mais ricas e as mais pobres. Excluindo os anos críticos da pandemia de COVID-19, o crescimento global do IDH projectado para este ano é o mais lento desde 1990.
Contudo, o relatório lança um olhar para o futuro, explorando o potencial da Inteligência Artificial (IA) como um catalisador para reativar o desenvolvimento. Achim Steiner, chefe global do PNUD, sublinha que, embora a IA não seja uma solução mágica, as escolhas feitas em relação à sua implementação poderão abrir novos caminhos e possibilidades para o desenvolvimento humano.
O relatório também destaca as disparidades na disponibilidade de dados e infraestruturas necessárias para o desenvolvimento da IA, com a África Subsaariana a apresentar lacunas significativas apesar de estar a progredir nesta área. Apenas 5% dos talentos de IA em África têm acesso ao poder computacional necessário para tarefas complexas.
Em suma, a modesta subida de Moçambique no ranking do IDH oferece um vislumbre de esperança, indicando um progresso gradual. No entanto, o panorama global desafiador e a crescente desigualdade sublinham a necessidade de explorar novas ferramentas e abordagens, como o potencial da Inteligência Artificial, para impulsionar um desenvolvimento humano mais equitativo e sustentável. O caminho é longo, mas cada pequeno passo conta na jornada rumo a um futuro melhor para todos os moçambicanos.
