Maputo (O Destaque) – Os operadores de combustíveis manifestaram, nesta terça-feira, um urgente pedido de protecção policial ao governo, após terem contabilizado prejuízos avultados na ordem dos 195,7 milhões de meticais e a perda de cerca de 400 postos de trabalho. A situação é resultado da onda de manifestações que abateram pelo menos 30 postos de abastecimento durante os protestos pós-eleitorais que assolam o país desde outubro passado , conforme reportado pela Agência de Comunicação Lusa.
Em entrevista à Lusa, o presidente da Associação dos Revendedores de Combustível de Moçambique (Arcomoc), Nelson Mavimbe, expressou a apreensão da classe: “Queríamos que tivesse havido uma patrulha ao nível dos postos de abastecimento, porque são mais vulneráveis, não têm uma vedação que impedisse que os manifestantes não entrassem com facilidade. Se houvesse a possibilidade de termos vigilância, segurança, o patrulhamento, sobretudo à noite”. Afirmou Mavimbe
O apelo formal por maior segurança já foi encaminhado ao Governo através do Ministério do Interior, com o objectivo de salvaguardar os postos de combustíveis, que têm sido alvo de destruição sistemática desde o início das contestações eleitorais em outubro do ano passado.
Nelson Mavimbe detalhou que os danos mais significativos foram reportados pelos cerca de 200 membros da Arcomoc, de um universo de aproximadamente 900 revendedores actuantes em todo o país, com a cidade de Maputo a registar o maior número de incidentes.
Os actos de vandalismo e destruição resultaram na perda de cerca de 400 empregos diretos, com dezenas de postos de abastecimento afectados , alguns dos quais permanecem encerrados devido à extensão dos danos.
“Os que continuaram em operação, ainda que seja a meio gás, também tiveram que reduzir o número de trabalhadores, porque os postos não estão a funcionar na sua plenitude”, lamentou Mavimbe.
O presidente da Arcomoc relatou ainda que, nos postos de abastecimento, não apenas as bombas de combustível foram alvo de vandalismo, mas também as mercearias e lojas de conveniência ali localizadas, com o roubo predominante de equipamentos informáticos e outros bens.
Os dados compilados pela Arcomoc indicam que pelo menos 30 empresários do sector , associados à organização, foram diretamente afectados pela violência direcionada aos seus postos de abastecimento.
“Até aqui temos um apuramento de cerca de 195.760.859 meticais de prejuízos (…) mas é bem provável que conheça alguma alteração porque há trabalhos que continuam a ser feitos”, declarou Nelson Mavimbe, antecipando que “os impactos foram de facto maiores, negativos e avultados”.
Como consequência direta da vandalização, os revendedores de combustíveis enfrentam uma série de dificuldades adicionais, incluindo o “incumprimento das obrigações fiscais” e a impossibilidade de honrar as prestações bancárias. Adicionalmente, apontam para os graves impactos sociais decorrentes da inexistência de postos de combustíveis funcionais em diversas comunidades.
Os investidores da banca lançaram um veemente apelo ao diálogo como forma de restaurar a estabilidade no país, condição essencial para a recuperação económica. Solicitam ainda a criação de linhas de financiamento específicas para auxiliar na reconstrução dos postos vandalizados e a promoção de um ambiente de segurança que encoraje novos investimentos no país.
“É crucial que se encontrem consensos, porque não há nenhum investidor que vai apostar em investir no país” sem estabilidade, considerou Mavimbe, sublinhando a urgência de uma solução para a crise política e social que assola o país.
