Turbulência na LAM: Dívidas Aterram Confiança e Auditoria Abre Novos Caminhos

Maputo (O Destaque) -O sector de aviação do país enfrenta um novo episódio de turbulência com o anúncio de um litígio legal entre a consultora sul-africana Fly Modern Ark (FMA) e a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). A acção judicial, motivada por alegados pagamentos em atraso por serviços de reestruturação realizados entre 2023 e 2024, surge num momento delicado para a companhia aérea nacional, já assolada por dificuldades operacionais e um endividamento considerável.

A FMA, apesar de reconhecer os desafios financeiros persistentes na LAM, alega ter implementado medidas que resultaram em redução de custos e melhorias operacionais durante o seu período de intervenção. A empresa manifestou ainda abertura para colaborar com a auditoria forense abrangente que o Governo iniciou sobre a gestão da LAM na última década, um processo que poderá lançar luz sobre as fragilidades que levaram à actual crise.

Com uma frota reduzida a apenas três aeronaves, a LAM luta para manter a regularidade dos seus voos, impactando a confiança de passageiros e parceiros comerciais em toda a região austral. A instabilidade financeira da companhia, marcada por perdas contínuas e uma dívida crescente, limita drasticamente a sua capacidade de investimento em modernização da frota e manutenção essencial.

Agentes de viagens que actuam no país e países vizinhos enfrentam um cenário de incerteza, com itinerários sujeitos a alterações e a necessidade constante de buscar alternativas de transporte aéreo. A situação levanta questões importantes sobre a transparência na gestão da LAM e a responsabilização por decisões passadas.

Apesar do actual impasse, a FMA defende o seu papel na tentativa de revitalizar a companhia, argumentando que os problemas da LAM reflectem desafios estruturais mais amplos enfrentados por diversas companhias aéreas africanas, como fragilidades na governação, dependência de financiamento público e a ausência de estratégias de crescimento sustentáveis. A crise da LAM poderá, paradoxalmente, impulsionar um debate crucial sobre o futuro da aviação em África, com a FMA a sublinhar a urgência de investimentos em infraestruturas robustas, quadros regulatórios eficazes e a adopção de boas práticas de gestão.

Para o sector de turismo e os profissionais de viagens, o momento serve como um alerta para a necessidade de diversificar parcerias e monitorar de perto os riscos associados ao transporte aéreo na região. O desfecho do litígio entre a FMA e a LAM, juntamente com as conclusões da auditoria governamental, serão determinantes para definir o futuro da companhia aérea e a conectividade aérea regional.

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