Analistas apresentam visões contraditórias sobre FADM

Maputo (O Destaque) -As recentes celebrações do Dia das Forças Armadas de Defesa e Segurança em Moçambique serviram como palco para uma série de reflexões profundas sobre o papel das FADM na história e no presente do país. O jornal O Destaque ouviu opiniões de deputados de diferentes bancadas, revelando visões contrastantes sobre os desafios e o futuro da soberania nacional.

Para Ivandro Massingue, deputado do partido podemos, a data é um imperativo para a introspecção. “É um dia de reflexão, primeiro enaltecer o trabalho das nossas Forças Armadas de Defesa, aos jovens do passado, esta data deve-nos levar a uma reflexão, devemos consolidar este feito,” afirmou Massingue.

O deputado sublinhou a necessidade de o país garantir a sua verdadeira autonomia, argumentando que a juventude sente os desafios, em particular as ameaças em Cabo Delgado. Massingue não poupou críticas à estratégia actual, apontando a urgência de reconquistar a confiança popular. “Os meios táticos que as nossas forças usam, e a principal estratégia deve ser o povo,” comentou, notando que as forças de defesa não estão a conseguir ganhar a simpatia do povo. “Isso é um erro grave, a confiança é a chave e as nossas forças precisam recuperar isso,” lançou o míssil

A preocupação com a justiça social foi outro ponto levantado por Massingue. “O governo deve provar ao povo que tem interesse em recuperar Cabo Delgado,” declarou. Em uma afirmação contundente, o deputado alertou que narrativas sobre a falta de interesse em resolver o terrorismo podem gerar atritos, sugerindo que “a guerra de Cabo Delgado é um negócio.”

Ao concluir, Massingue ofereceu um diagnóstico sobre a situação do país. “Moçambique está parcialmente livre, independência pressupõe autonomia financeira, económica, social, então, estamos totalmente dependentes da mão exterior,” disse. “Não conseguimos produzir nada, então, temos que mudar as políticas de governação,” finalizou.

Em contraponto, Gil Aníbal, deputado da bancada da Frelimo, viu nas celebrações um momento de reafirmação. Para ele, a data significa a consolidação da soberania e dos 50 anos de independência, um percurso de “conquista.”

Gil Aníbal reconheceu que o país está “a caminho da independência económica,” mas destacou que a urgência reside na modernização das forças de segurança. “É a hora de investimento nas forças de segurança, precisamos de modernização, temos muito capital humano, mas temos que aplicar a ciência, precisamos de aviões de caça, mas temos que avançar, entendemos que o país tem seus desafios, temos que desenvolver,” defendeu.

Sobre as alegadas falhas de aceitação das FADM em Cabo Delgado, Gil Aníbal minimizou a questão, classificando-as como “narrativas construídas.” O deputado reforçou que “a população sempre coabitou com as forças do país, o Ruanda está aqui há 4 anos, mas as forças sempre estiveram lá, então, esta construção não tem fundamentos.”

A presença de forças aliadas no país foi vista por ele como uma estratégia baseada em acordos. “Não dispensamos outras forças, são acordos bilaterais,” explicou.

No fecho da sua intervenção, o deputado da Frelimo sublinhou o potencial militar. “O poderio militar deve recuperar o estatuto de uma das maiores forças, temos o capital humano, não é problema de capacidade humana, é filosofia de conhecimento Militar,” destacou.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *