Nampula (O Destaque) – Em meio a rumores de desavenças internas no partido PODEMOS, Alberto Ferreira, um dos nomes mais votados na recente eleição para secretário-geral, veio a público refutar categoricamente as insinuações de que a disputa seria motivada por “fome” ou interesses pessoais. Em declarações exclusivas, Ferreira defendeu a união do partido e a sua lealdade ao presidente Albino Forquilha, assegurando que a legalidade prevalecerá.
A polémica surgiu após declarações do presidente Forquilha, que teria associado os conflitos internos a uma suposta “luta pela fome”. Confrontado com a afirmação, Ferreira reagiu com cautela. “Não sei, porque eu não vi a entrevista. Penso também que o presidente Forquilha dificilmente poderá dizer isso. Não sei em qual ambiente possa pronunciar-se”, afirmou, mantendo uma postura de aliado.
Quanto à insinuação de que estaria no partido por conveniência material, foi directo: “Eu não sei em qual momento o terá dito por fome, mas acho que nem posso comentar isto, porque não sei absolutamente em qual contexto. Não posso comentar se estou por fome ou não.”
Ferreira encontra-se em Nampula para o lançamento do Manifesto de Cidadão, uma missão que, segundo ele, cumpre com o aval directo do próprio presidente Forquilha. “Eu mesmo estou aqui sob orientação do presidente Forquilha e eu faço o que faço, estou sob orientação dele. Em nenhum momento posso contrariar o meu chefe directo. Quer dizer, o meu presidente não posso contrariar”, sublinhou, reforçando a sua lealdade”.
A providência cautelar submetida ao tribunal, cuja divulgação na imprensa causou surpresa, foi esclarecida por Ferreira como uma iniciativa para clarificar dúvidas jurídicas, e não para criar instabilidade. “A providência cautelar normalmente tem o seu tempo. Ao submetê-la, estávamos só a tentar certificar se somos nós que temos razão ou se são os outros. Trata-se de uma entidade neutra, independente, juridicamente, que está dentro do quadro legal moçambicano, para dirimir e acabar com as dúvidas, pura e simplesmente”, explicou.
A surpresa foi a sua divulgação: “Nós fizemos isto para que os jornalistas não soubessem. Eu não sei como isso depois escapou das mãos do próprio tribunal”.
Garantindo a funcionalidade e coesão do partido, Ferreira afirmou: “Todos nós estamos dentro do partido e acatamos as ordens do partido e do nosso presidente, naturalmente. Aqui não há nenhuma desavença externa. Estamos todos unidos, estamos todos na mesma linha, não há contradições”.
Sobre a necessidade de uma segunda volta nas eleições internas, Ferreira defendeu a interpretação dos estatutos que aponta para a validade da maioria simples. “O que se negou, as pessoas interpretaram mal. O que se negou foi a ideia de que se pudesse ir à segunda volta enquanto, com maioria simples, se podia ganhar”, esclareceu. Ele citou o artigo 20 dos estatutos, que estabelece que “as eleições dentro do Podemos, as suas deliberações, são feitas com maioria simples. O artigo 20 é claro nisso. Mas não é para arranjarmos polémicas; é só para estarmos claros naquilo que estamos a fazer.”
Para concluir, Ferreira falou da importância da legalidade e da hierarquia dentro do partido. “Qualquer que seja a decisão, nós aceitamos. Temos que acatar. Porque, no partido, há uma hierarquia e todos temos de aceitar e caminhar juntos. O mais importante é caminhar juntos. Mas é importante também que prevaleça a lei. Isso é, naturalmente, muito importante”, finalizou, reiterando o compromisso com a estabilidade e a ordem interna do PODEMOS.
