Sofala (O Destaque) – A Associação Comercial da Beira (ACB) decidiu distanciar-se totalmente das próximas eleições da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), classificando o processo como “injusto” e “vergonhoso”. Em declarações contundentes, Félix Machado, representante da ACB, acusou a entidade de permitir a formação de “cartéis” e facilitar a compra de votos através do sistema de cartas de suporte.
Machado não poupou críticas ao modelo atual, afirmando que a CTA carece de representatividade e é dominada por interesses escusos.
“O modelo atual não é representativo. Não é por acaso que muitos consideram a CTA como a incubadora de bandidos. Há um cartel que quer controlar tudo“, disparou o presidente da ACB, em conferência de imprensa.
A ACB deliberou não participar no pleito, nem como candidata, nem como apoiante, nem mesmo para votar. “Se estas eleições forem adiante, a ACB não vai votar”, reforçou.
O empresário atacou o mecanismo das cartas de suporte, exigidas antecipadamente para a composição de listas. Segundo ele, o sistema distorce a competição e favorece quem tem mais recursos.
“Obrigar que todo membro traga uma deliberação é errado. Os que têm dinheiro pagam quotas de associações para conseguir essas cartas — ou seja, já é um voto antecipado“, denunciou Machado.
Machado questionou ainda a legitimidade do processo
“Se um candidato tem 100 cartas e outro tem 80, para que serve a votação? A eleição já foi feita com dinheiro. Só resta ver se os 80 pagam mais para comprar os 20 restantes.”
O representante da ACB expressou decepção com empresários que ainda apoiam o processo, mas manteve a posição firme da associação:
“Esperamos que outras associações parem com isso. O modelo atual é corrupto e não nos representa.”
A CTA ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. Enquanto isso, a desconfiança no processo eleitoral ameaça aprofundar divisões no seio do empresariado moçambicano.
