Nampula (O Destaque) – Cerca de 63 homens que integravam o grupo de Naparamas, entregou-se as autoridades após meses de violência, ao posto administrativo de Mutuali, no distrito de Malema, província de Nampula.
A rendição ocorreu após um ataque frustrado do grupo às Forças de Defesa e Segurança (FDS) em plena a semana Santa, que resultou na morte de cinco insurgentes e na captura de vários outros.
Há um mês, uma primeira tentativa de reconciliação falhou quando os Naparama simularam uma trégua, colaborando temporariamente com as FDS. No entanto, o grupo aproveitou o período para se reorganizar nas zonas rurais. A situação escalou dias antes da Semana Santa, quando lançaram um ataque surpresa à base militar em Mutuali, forçando uma resposta contundente do governo.
“Eles usaram a falsa paz para ganhar tempo, mas a ação das FDS revelou a verdadeira ameaça“, explicou um dos oficiais da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Na cerimónia de rendição, Florindo Epissone, porta-voz dos Naparama, leu uma carta em nome do grupo, admitindo que o movimento surgiu de “desespero e abandono”, mas degenerou em violência.
“Queríamos mudança, mas alguns recorreram a meios errados, causando sofrimento às comunidades que jurámos proteger“, declarou Epissone, pedindo perdão e listando demandas para o desenvolvimento de Mutuali.
O Governador Abdula questionou a sinceridade do arrependimento, mas, após confirmar que a rendição foi voluntária, prometeu integrar os ex-membros em programas de formação profissional e parcerias com empresas de construção.
“As catanas devem servir para cultivar, não para guerrear“, frisou Abdula, destacando a necessidade de paz e justiça social.
Epissone encerrou o evento reafirmando o compromisso do grupo: “Queremos reconstruir a confiança e trabalhar por um Mutuali com dignidade“. Agora, o desafio do governo é transformar promessas em acções, evitando que o vazio de desenvolvimento alimente novos ciclos de violência.
A terminar depois de um longo comício, o governo apelou ainda à colaboração dos supostos membros do grupo paramilitar na preservação da paz.
