Silva Livone promete corte a “espada de dois gumes” à corrupção, ainda que seja um “boss”

Niassa (O Destaque) –O lançamento do concurso para o 44º curso da Polícia da República de Moçambique (PRM) transformou-se numa declaração de guerra aberta e sem precedentes à corrupção na província do Niassa. Com as inscrições a decorrerem até ao dia 30 do mês corrente, o Secretário de Estado local, Silva Livone, elevou o tom do combate, prometendo um corte drástico, que atingirá desde o mais baixo até ao mais alto escalão.

A corrupção no processo de recrutamento será tratada como um crime sem perdão, independentemente do cargo.

Numa advertência que ecoou por toda a província, uma fonte de alto escalão local, aludindo ao Secretário de Estado, sublinhou que não haverá “intocáveis” no Niassa.

Já está aí o concurso… daqui a pouco vamos ouvir que alguém está a cobrar dinheiro. Nós vamos expulsar, seja ele comandante, general, sargento ou que patência tem, chefe! Aquele que usar, cobrar um metical a um jovem para ingresso, nós vamos expulsar. Não há intocáveis aqui no Niassa!”, declarou

Mas a “espada de dois gumes” não para nas fardas. A ameaça estende-se aos líderes locais, com os Administradores Distritais a serem responsabilizados de forma inédita. A estratégia é imputar a responsabilidade de cima para baixo: se a venda de vagas for denunciada num distrito, o Administrador será o primeiro a “cair da cadeira”, seguido do responsável pela venda. A fonte confirmou que esta política de responsabilização dos mandantes já foi testada com sucesso na contratação de professores.

A medida mais radical, contudo, é a introdução de um “júri final” popular. Depois de passarem por todas as etapas normais do concurso, os candidatos à polícia terão de enfrentar o veredicto da sua própria comunidade.

O último júri nosso vai ser a população. Vamos levar esses (candidatos) para o bairro. Aqui só vai a polícia aquele que a população aprovar”, explicou Livone

 Os candidatos serão levados ao seu bairro de residência para uma reunião com os dirigentes e a população. A pergunta será directa: “conhecem este aqui?” Se a resposta da comunidade for “não”, o candidato será chumbado. Se for “sim” e a sua conduta for aprovada, será aprovado.

De recordar que foram declarações feitas na efeméride das forças armadas de defesa e segurança.

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