Vagão dos 130 Anos da CFM leva altas figuras à festa de milhões e deixa os seus funcionários à sorte

Maputo (O Destaque) -Num ambiente de glamour e discursos oficiais, a celebração dos 130 anos dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) deslizou sobre trilhos polidos de festa, mas deixou para trás quem, diariamente, move a locomotiva da empresa.

A gala, organizada para marcar a longevidade da emblemática companhia estatal, reuniu membros do Governo, empresários e convidados de alto perfil. No entanto, entre luzes, brindes e discursos, o descontentamento entre os funcionários tornou-se difícil de esconder. Para muitos deles, a festa foi uma vitrine de luxo sem reflexo nas realidades internas da empresa.

“Não fomos convidados nem para o brinde” Num documento enviado ao Conselho de Administração, trabalhadores expressam frustração com a exclusão sentida nas celebrações. Referem-se à festa como “milionária e distante”, e denunciam o afastamento progressivo entre a direcção e o corpo operativo da empresa. “Nós movemos os comboios, mas fomos deixados na estação”, comentou um trabalhador em anonimato.

Embora a direcção tenha anunciado um prémio monetário como forma de reconhecimento, o gesto foi visto por alguns como uma tentativa de conter o descontentamento. “Receber um valor simbólico não substitui o respeito e o reconhecimento”, disse outro funcionário.

Entre os funcionários mais antigos, há nostalgia por uma época em que a cultura empresarial valorizava a união e a partilha. Hoje, dizem, impera a comunicação vertical e a percepção de que as decisões são tomadas de cima para baixo, sem espaço para escuta.

A direcção da CFM ainda não se pronunciou publicamente sobre o mal-estar interno. Resta saber se a efeméride será apenas uma fotografia para os arquivos ou o ponto de partida para uma nova via mais participativa, mais justa, mais próxima dos que todos os dias mantêm os carris em movimento.

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