Cabo Delega (O Destaque) –O que deveria ser um momento de esperança e oportunidade para centenas de jovens tornou-se um cenário de frustração, caos e alegadas cobranças ilícitas. O processo de inscrição para as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, vulgarmente conhecido por “Matalane”, está a ser marcado por sérias denúncias de corrupção, com foco principal nas agências bancárias, especialmente no Banco Absa, em Pemba.
Com o número limitado de balcões para o pagamento da taxa de inscrição, candidatos relatam ter sido obrigados a pagar entre 200 e 2.000 meticais a seguranças para aceder ao banco. “Eles estão a cobrar, não sei o quê”, afirmou um jovem, indignado, após tentar, sem sucesso, realizar o depósito. Outros entrevistados reforçam que a prática “não precisa de provas” porque “é recorrente”.
As longas filas, o atendimento moroso e o número reduzido de senhas diárias, apenas cerca de 50, alimentam o desespero. “O atendimento é muito lento, tem duas pessoas a atender”, lamentou outro candidato, confirmando um ambiente de pressão onde a urgência abre espaço à corrupção.
Para muitos, pagar torna-se a única alternativa. “A pessoa não vai deixar de pagar duzentos meticais para ser atendida, em vez de viajar para outro distrito só para depositar”, revelou um cidadão, visivelmente revoltado. A falta de opções transforma os jovens aspirantes em alvos fáceis para quem se aproveita da situação.
Face às denúncias, a população exige acção imediata do Gabinete Central de Combate à Corrupção e um posicionamento das autoridades bancárias.
