Manica (O Destaque) – O vento continua a soprar na Renamo, Sebastião Chapepa, uma figura histórica da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e reconhecido por sua participação nos primórdios do movimento, rompeu o silêncio para expressar profunda preocupação com os rumos actuais do partido. Em declarações recentes, Chapepa, também conhecido como Janota Luís, defendeu uma reestruturação na cúpula da Renamo, afirmando que a actual liderança se afastou dos ideais que nortearam a sua fundação.
Chapepa, que se descreve como um dos fundadores e autor do “primeiro tiro” da Renamo em 1977 ao lado de André Matsangaíssa, lamentou a perda de direcção da organização. Ele argumenta que a Renamo, que ele ajudou a construir, “perdeu o rumo e parou no tempo“, criticando a ascensão de indivíduos que, em sua visão, não compreendem a essência da luta inicial. O veterano apontou exemplos específicos de figuras que, segundo ele, não demonstraram o comprometimento necessário no passado, mas hoje ocupam posições de destaque.
O antigo guerrilheiro foi frio ao sugerir que Ossufo Momade, o actual líder do partido, não deveria mais ocupar a posição de comando. “Não, não pode continuar no partido. Como líder, deve ser dado um outro cargo, menos de liderança na frente”, setenciou Chapepa
Chapepa defende que o Conselho Nacional da Renamo se reúna com urgência para agendar um congresso que eleja uma nova liderança. A sua intervenção surge num momento em que a delegação provincial da Renamo em Manica permanece encerrada, um símbolo, para Chapepa, da estagnação que assola o partido.
Com quase cinco décadas passadas desde a sua fundação, a Renamo enfrenta agora o desafio de redefinir o seu propósito e a sua liderança, um apelo veemente vindo de um dos seus mais antigos membros. A voz de Sebastião Chapepa adiciona uma camada histórica e um pedido por autenticidade ao debate sobre o futuro político da Renamo em Moçambique.
