Comunidades do Norte da Nigéria fazem acordos com bandidos para sobreviver

Norte da Nigéria O (Destaque)-Em busca de segurança, algumas comunidades rurais do norte da Nigéria estão a recorrer a acordos informais com grupos armados, numa tentativa de garantir um quotidiano livre de violência. O gesto, embora compreensível diante do abandono estatal, levanta preocupações sobre a soberania e a fragilidade das instituições nigerianas.

As aldeias de Sabon Birni e Isa, situadas entre os estados de Sokoto e Zamfara, tornaram-se exemplos visíveis da crise. Muitas famílias foram forçadas a abandonar as suas casas, enquanto outras tentam negociar tréguas com grupos de bandidos que dominam vastas áreas, onde o Estado não se faz sentir.

Este fenómeno caracterizado por analistas como “o colapso do contrato social” revela como, em alguns territórios, a sobrevivência depende da capacidade dos cidadãos em mediar a sua própria paz. “É um cálculo de sobrevivência. Quando o Estado falha, as populações adaptam-se”, explica Dengiyefa Angalapu, especialista em resolução de conflitos.

No entanto, a fragilidade desses pactos é evidente. Mesmo com um grupo, a segurança nunca é garantida, outros podem não reconhecer o acordo, exigindo tributos adicionais ou retomando os ataques. Agricultores que tentam retomar a produção são frequentemente alvo de extorsão ou rapto.

Observadores internacionais alertam que esta realidade compromete não só o desenvolvimento local, como também a segurança nacional. Defendem um reforço urgente da presença do Estado, com soluções que passem pela protecção das comunidades, combate ao recrutamento de bandidos e reconstrução da confiança nas instituições públicas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *