Convulsões contiuam a perturbar a “perdiz”e desta vez tomaram gabinete de Ossufo Momade  

Maputo (O Destaque) – Em meio a uma série de acontecimentos que têm redefinido o cenário político , a voz dos ex-guerrilheiros da RENAMO ecoa com uma intensidade particular, revelando um profundo anseio por renovação. Longe do barulho das acusações directas, o que se observa nas últimas semanas é um movimento orgânico, um clamor vindo das bases que moldaram a história da Perdiz, buscando reafirmar os pilares que um dia guiaram a luta por democracia e liberdade em Moçambique.

Desde as tomadas simbólicas das delegações e da própria sede do partido, até a surpreendente ocupação do gabinete do actual presidente, Ossufo Momade – num momento em que seu paradeiro permanece incerto, e logo após sua nomeação para o Conselho de Estado – a narrativa que se desenrola é menos sobre um golpe e mais sobre uma redefinição interna. É o pulsar de uma memória colectiva, a lembrança dos 16 anos de guerra civil e dos ideais que levaram à formação da RENAMO, agora questionados pelos próprios que empunharam armas.

Os ex-combatentes, verdadeiros guardiões da história do movimento, não se limitam a pedir a demissão de Momade; eles clamam por um resgate. Acusam a actual liderança de se ter afastado dos princípios fundamentais, que, segundo eles, nortearam a criação do partido.

 A perda da segunda para a terceira posição parlamentar nas últimas eleições de 9 de outubro de 2024 é vista não apenas como um revés eleitoral, mas como um sintoma de um partido doente , desconectado de sua essência e da voz do povo.

A tese de que o último Congresso da RENAMO, em Alto-Molócuè, na Zambézia, teria sido um “atestado de morte” para o partido, ganha força nas palavras dos ex-guerrilheiros. Para eles, a actual turbulência não é um acto de rebelião, mas sim um esforço desesperado e legítimo para “recuperar a pujança” da Perdiz. A busca por um novo presidente não é uma mera troca de cadeiras, mas sim a esperança de reavivar os valores que outrora fizeram da RENAMO um farol de oposição e um defensor intransigente dos direitos humanos.

Segundo os mesmos, esta não é uma história de caos, mas de descontentamento e de um desejo profundo de reorientação. É a busca por um novo capítulo para a RENAMO, escrito não por figuras de topo, mas pelas mãos daqueles que, desde o início, dedicaram suas vidas à causa. Resta saber como este clamor por renovação se traduzirá nos próximos  dias , e se a Perdiz conseguirá, de facto, reencontrar o caminho que a reconecte com suas origens e com o futuro do País .

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