“Eu jogo, eu sou árbitro”: A declaração da vereadora da cultura de Cuamba a cusada de desviar 7000 mil de um músico local.

Niassa (O Destaque) -O Município de Cuamba, na província do Niassa, está no centro de uma polémica envolvendo acusações de falta de pagamento a um músico local que alegam ter participado nas celebrações do Dia da Cidade, em 2024.

Segundo o artista Awaite Cornelio (conhecido por Wacocha) a edilidade deve-lhes 7000 mil meticais, relativos à atuação que diz ter realizado no evento. O músico afirma ter mantido contacto na companhia dos seus colegas com representantes da cultura a antes do dia 30 de setembro, uma reunião na qual partilharam detalhes do evento e diz ter tentado resolver a situação directamente, sem sucesso.

“Fui ignorado. Nem sequer consegui falar com a vereadora”, disse Awaite ao O Destaque, acrescentando que já não tem esperança de receber sem tornar o caso público.

No entanto, a versão do Município difere totalmente. Novaldo Raidone, responsável pela organização do evento, foi direto: “Não é verdade, Ele não actuou, Eu estava lá. Não foi convidado. No nosso banco de dados não consta”, afirmou.

Raidone reiterou que o evento foi devidamente documentado e que a lista de artistas contratados não inclui nome de Awaite.

O O Destaque contactou também a vereadora da Cultura de Cuamba, Ofélia dos Santos, que mostrou surpresa com a denúncia. “Ele nunca veio falar connosco. Nem sei quem é esse artista”, afirmou. “Levou o assunto até Maputo, sendo que podia ter resolvido localmente. Assim, pode até perder a razão… ou se incriminar”, sugeriu, numa declaração que levanta mais questões do que respostas.

Quando questionada sobre a sua imagem constar no cartaz de divulgação do evento algo que levou os artistas a acreditarem na sua ligação direta à produção –, Ofélia respondeu com leveza: “Eu sou artista, eu jogo, eu sou árbitro.”

Uma fonte anónima local partilhou com o O Destaque um testemunho que denuncia exclusões e favoritismos na seleção dos artistas: “Este ano levaram só gente nova. A maioria são rostos que eu nem conheço, nunca ouvi músicas deles, e nunca participaram em eventos connosco. São esses que estavam lá, alinhados só para receber o dinheiro. Nós, que temos feito tanto esforço e sacrifício para desenvolver esta cidade, fomos postos de lado por decisões do Novaldo e companhia. Só estamos lá a ver. Um exemplo concreto: há um funcionário do Conselho Municipal que ocupa o espaço dos cantores, e quando alguém tenta subir ao palco, é ele quem decide quem entra e quem não. Escolhe tudo para si.”

A fonte acrescentou: “Wacocha ele actuou sim de verdade, porque eu o vi testemunho na primeira acção. Então, quando nós começámos a reclamar, ele, sendo meu amigo, eu falei, até que eu este ano, perdi a oportunidade de estar lá por causa deste problema.” Revelou a fonte.

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