Maputo(O Destaque)-O governo, através de Inocêncio Impissa, esclareceu que a disponibilidade de combustível nos armazéns oceânicos está assegurada, descartando a inexistência do produto no país.
No entanto, o governo aponta para dificuldades logísticas entre distribuidoras e bancos como a principal causa da demora na chegada do combustível aos postos de abastecimento. Segundo Impissa, a emissão de garantias bancárias pelas distribuidoras é um factor crucial para a liberação do produto, e a falta dessas garantias tem dificultado o acesso ao combustível.
O governo argumenta que, por se tratar de um negócio privado, sua capacidade de intervenção é limitada, mas garante que as reservas de combustível estão asseguradas para abastecer o mercado. Nas palavras de Impissa: “A aparente falta de combustíveis nos postos de abastecimento em Moçambique não deve ser atribuída a inexistência do produto no país. Na verdade, o combustível encontra-se nos armazéns oceânicos, sendo que as descargas das importações estão a ser feitas de forma regular. Um dos factores cruciais para a liberação do produto é a emissão de garantias bancárias pelas distribuidoras… caso haja liberação dessas garantias, às distribuidoras enfrentam desafios para aceder os produtos”.
Ele também acrescentou: “O que o Estado garantiu é que as reservas de combustíveis estejam asseguradas no país e não haja ruptura de stock. Os arames tem o produto suficiente para abastecer, quer as zonas urbanas, e outras”.
O analista económico Salvado Raisse, por sua vez, oferece uma perspectiva complementar. Ele sugere que a dificuldade na chegada do combustível às bombas está relacionada à falta de divisas, com os bancos a enfrentarem problemas em desembolsar às moedas necessárias.
Raisse também menciona alertas prévios sobre essas questões, inclusive por parte do banco central e da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), e destaca a dependência da economia moçambicana de importações. Nas palavras de Raisse: “a dificuldade não é nos mercados internacionais e nem de chegar à Moçambique. A dificuldade para chegar nas bombas é o real problema da falta de divisas. Então, os bancos têm tido problemas de garantias em desembolsar a moedas”. Ele ainda acrescenta que houve sinais: “já se alertava o banco central sobre essas problemáticas, até mesmo a própria CTA . A mídia sempre avisou que não há dólar. Os combustíveis chegam e estão a ser desbloqueados politicamente. As bombas que estão abastecer são àquelas que tem influência internacional. A nossa economia é importada, então, só haverá libertação da banca quando compreender-se os sinais”.
A escassez de combustível levanta questões sobre a gestão das reservas, a coordenação entre os sectores público e privado, e a necessidade de fortalecer a economia moçambicana para reduzir a dependência de importações. A situação exige um diálogo aberto e construtivo entre todos os actores envolvidos para encontrar soluções sustentáveis que garantam o abastecimento regular de combustível e o bom funcionamento da economia do país.
