Nampula (O Destaque)-Um menino de 14 anos, órfão de pai e mãe, foi esfaqueado e deu entrada no hospital provincial de Nampula em estado grave. No entanto, o que deveria ser um momento de cuidado e acolhimento transformou-se num retrato alarmante da desumanização institucional. Em vez de receber o apoio necessário, o menor foi algemado à cama pela Polícia da República de Moçambique (PRM), numa acção duramente criticada por organizações de defesa dos direitos humanos.
A associação “Kóxukhuru”, que acompanha o caso, classificou a atitude da PRM como uma grave violação dos direitos da criança, sublinhando que o jovem se encontra em situação de extrema vulnerabilidade, ferido e sem qualquer tipo de tutela familiar. A organização denuncia ainda a ausência de profissionais de apoio social no processo, o que agravou a exposição do menor a tratamento indigno.
A imagem do adolescente algemado, visivelmente debilitado, tornou-se símbolo do que muitos já apelidam de crueldade institucional.
Em comunicado, a “Kóxukhuru” exige uma investigação imediata e transparente, bem como sanções aos agentes envolvidos. “Algemar uma criança ferida é um acto que compromete os valores fundamentais do nosso sistema de justiça. Não se combate a delinquência juvenil com violência institucional”, declarou um porta-voz da organização.
Até ao momento, a PRM ainda não prestou esclarecimentos públicos sobre a sua actuação neste caso. A sociedade civil e vários sectores exigem respostas, alertando para a necessidade urgente de formação humanizada dos agentes da lei e de reforço dos mecanismos de protecção da criança.
