PRM DIZ ESTAR SATURADA COM OS MANIFESTANTES.

Maputo (O Destaque) – O recém-empossado chefe do departamento das relações públicas, Leonel Muchina, que, curiosamente, zela pela imagem da instituição, confessou que a polícia não vai tolerar actos de vandalismo e vai responder com força.

Segundo dados da plataforma Decide, 361 pessoas foram baleadas mortalmente pela polícia.

No contexto de manifestações, várias pessoas foram feridas por baleamento e outras mortas pela polícia. Curiosamente, o Ministro do Interior, Paulo Chachine, disse que a polícia não actua de forma agressiva e nunca usa balas de verdade ignorando dados do Decide.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) afirmou ontem, em conferência de imprensa em Maputo, que tem utilizado “meios legítimos” para dispersar manifestações que bloqueiam vias públicas e a circulação de pessoas e bens. O recém-empossado chefe de departamento de relações públicas do Comando-Geral da PRM, Leonel Muchina, admitiu a possibilidade de feridos durante estas operações, classificando-os como “circunstâncias involuntárias”.

Muchina reiterou que, após o esgotamento dos apelos para a desobstrução das vias, a polícia recorre a “meios de dispersão de massas”, exemplificando com o uso de “gás lacrimogéneo”. O responsável sublinhou que, embora o direito à manifestação seja constitucional, este deve ser exercido com “respeito” pelos direitos fundamentais de outros cidadãos, nomeadamente o direito de ir e vir e o acesso a serviços essenciais como hospitais.

A PRM defendeu que ninguém deve ser coagido a participar em manifestações e alertou que “manifestações violentas” prejudicam o desenvolvimento do país.

Moçambique tem sido palco central de manifestações pós-eleitorais desde outubro, desencadeadas inicialmente pela contestação dos resultados eleitorais de Venâncio Mondlane e da vitória de Daniel Chapo nas eleições presidenciais. Embora em menor escala, os protestos persistem em diversas regiões do país, abrangendo também queixas sobre o aumento do custo de vida e outros problemas sociais.

Dados da plataforma Decide indicam que, desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram em conexão com as manifestações, incluindo cerca de duas dezenas de menores. O Governo moçambicano confirmou um balanço de pelo menos 80 óbitos, além da destruição de significativo património público e privado.

De referir que ontem, segundo Venâncio, era o “dia dos heróis” e a polícia efectuou disparos em alguns bairros.

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