Maputo (O Destaque) -À porta das comemorações do Dia do Professor, marcado para 12 de outubro, o ambiente entre os educadores está longe de ser festivo. Em vez de reconhecimento, muitos dizem estar mergulhados numa realidade de abandono, promessas por cumprir e salários que não acompanham a carga horária.
A recente admissão do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) de que o país enfrenta um défice de professores com previsão de agravamento até 2026 reacendeu debates sobre as condições de trabalho no sector. Professores ouvidos pelo O Destaque denunciaram o não pagamento de horas extras desde 2023, além de outros atrasos salariais.
“Há barulho total. Não está a cumprir-se o pagamento das horas extras. Outro ponto: não há mais transparência sobre subsídios de funeral, e também na assistência médica. O professor é descontado, mas não há efeito nenhum,” lamentou um docente que preferiu manter o anonimato.
A falta de recursos nas escolas também foi sublinhada. “Não há equipamento, não há seminários, não há livros suficientes,” acrescentou.
Outro professor desabafou com desalento: “Não há esperança. Estamos há muito à espera. Fomos prometidos, mas até agora não há nada.”
Uma professora apontou a sobrecarga horária como um problema crítico:
“Temos que trabalhar com várias turmas, mas não há qualquer pagamento adicional para isso.”
Diante das queixas, o Presidente da República, Daniel Chapo, garantiu recentemente que o governo irá criar condições viáveis para resolver, de forma gradual, as pendências salariais. O compromisso inclui o pagamento dos subsídios e horas extraordinárias em atraso aos Funcionários e Agentes do Estado (FAE).
