Profissionais de saúde prolongam por mais 30 dias greve e há dezenas de mortes em hospitais

Maputo (O Destaque) – A crise no sector da saúde atingiu um ponto alarmante.

A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos de Moçambique (APSUSM) mantém a decisão de atuar em regime de horário único de trabalho, denunciando a inércia do Governo e apontando para a ocorrência de dezenas de mortes evitáveis nos últimos 30 dias de sua luta laboral. A situação expõe um sistema de saúde em colapso, onde a falta de atendimento adequado e de materiais básicos está a custar vidas.

A APSUSM relata casos estarrecedores, como o de um paciente que, após ser transferido entre hospitais, foi devolvido sem atendimento e acabou falecendo. A associação não hesita em culpar diretamente o Governo por essas tragédias, classificando-as como um resultado direto da má gestão e da falta de compromisso com a saúde pública.

A entidade vai além, desafiando a Procuradoria-Geral da República a investigar cada óbito ocorrido nas unidades de saúde. A exigência é clara, apurar responsabilidades onde a ausência de assistência médica ou de materiais cirúrgicos foi fatal.

Um episódio dramático envolveu uma técnica de enfermagem cujos filhos sofreram queimaduras graves. Seu filho de apenas 9 anos perdeu a vida antes de receber socorro. A mãe, funcionária da saúde, denuncia que seu próprio hospital a impediu de trocar de turno para prestar assistência aos filhos. Um relato que expõe a falha do sistema, não só para os pacientes, mas também para seus próprios profissionais.

Outra prática alarmante denunciada pela APSUSM é a emissão de receitas médicas em talões de depósitos bancários em algumas unidades, levantando sérias questões sobre a legalidade e ética do atendimento.

A associação reforça que o horário único visa também reduzir os encargos do Estado com horas extras e garantir o direito ao descanso semanal dos profissionais.

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