Lichinga (O Destaque) -O encerramento das operações do banco MyBucks Banking Corporation (MBC)em Lichinga, província do Niassa, não pôs fim às cobranças. Pelo contrário, vários clientes denunciam descontos mensais indevidos, mesmo após terem quitado os seus empréstimos. Pior: não há balcões físicos, nem canais eficazes para reclamações.
Logo (nome fictício), funcionário público, vive este drama desde 2020. “Fiz um empréstimo de 50.000 meticais no MBC, era para pagar em cinco anos. Concluí o pagamento em Janeiro deste ano, mas continuam a descontar 2.500 meticais todos os meses”, contou, visivelmente frustrado. A agência onde contraiu o crédito já não existe. “É como pagar a uma entidade fantasma. Ninguém responde, ninguém explica.”
Outro caso semelhante foi relatado por um militar destacado em Cabo Delgado. O padrão repete-se: empréstimos já pagos, balcões encerrados e descontos que continuam como se nada tivesse mudado.
A investigação de O Destaque indica que este não é um episódio isolado. “Muitas pessoas enfrentam o mesmo problema. Os bancos encerram, mas os sistemas automáticos de cobrança continuam activos, sem qualquer tipo de supervisão”, explicou uma fonte ligada ao sector financeiro.
Contactado por O Destaque, o MBC confirmou que quatro unidades foram encerradas em Lichinga, mas recomendou que os clientes afectados entrem em contacto com o banco por via telefónica. “Recebemos chamadas porque os clientes deixaram os seus contactos. Devem nos contactar através dos números fornecidos”, referiu um representante.
Sobre as queixas, o banco limitou-se a dizer: “Quanto ao assunto, não temos muito a dizer. Pedimos ao Destaque que partilhe o nosso número com os clientes”.
A ausência de uma resposta mais concreta por parte do banco e a falta de um mecanismo institucional de resolução preocupam os consumidores. Até ao momento, o Banco de Moçambique e outras autoridades reguladoras não se pronunciaram sobre o caso, nem indicaram como será garantida a protecção dos direitos dos clientes afectados.
