Fazendeiro e funcionários julgados por assassinato brutal e atentado à saúde pública em Limpopo

Pretória (O Destaque) -Três homens enfrentam a justiça na África do Sul, acusados de envolvimento num duplo homicídio que chocou a província de Limpopo e reacendeu discussões sobre violência rural e tensões raciais no país. O crime, ocorrido em agosto de 2024 numa fazenda localizada na zona de Louis Trichardt, envolve o proprietário da propriedade agrícola, um supervisor e um trabalhador estrangeiro.

De acordo com os autos, as vítimas, duas mulheres negras Locadia Ndlovu e Maria Makgatho foram baleadas mortalmente enquanto recolhiam produtos vencidos junto à área de produção. Um terceiro indivíduo, Mabutho Ndlovu, esposo de uma das vítimas, sobreviveu aos disparos e foi quem alertou as autoridades.

Os acusados são Zachariah Johannes Olivier (60 anos), proprietário da fazenda; Adrian Rudolph de Wet (19 anos), supervisor; e William Musoro (45 anos), trabalhador de origem zimbabueana, que também responde por permanência ilegal no território sul-africano.

Além de duas acusações de homicídio qualificado, o trio enfrenta acusações de tentativa de homicídio, posse ilegal de arma de fogo e obstrução à justiça. Segundo o Ministério Público, há indícios de que os corpos das vítimas foram parcialmente descartados como alimento para porcos, o que agrava ainda mais a gravidade do caso.

O julgamento, que decorre sob forte vigilância da sociedade civil, tem atraído atenção nacional. Organizações de defesa dos direitos humanos e representantes políticos têm exigido celeridade no processo e penas exemplares, sublinhando a necessidade de combater a impunidade em zonas agrícolas remotas.

A Comissão Sul-Africana de Direitos Humanos já se pronunciou, classificando o crime como “repugnante” e alertando para o risco de normalização de atos violentos contra trabalhadores rurais e comunidades vulneráveis.

Enquanto decorrem os trabalhos em tribunal, o caso continua a lançar uma sombra sobre a reconciliação social e a justiça no meio rural sul-africano, onde as cicatrizes do passado ainda se cruzam com realidades dolorosas do presente.

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